O setor de turismo para a terceira idade tem aprimorado as ofertas, criado incentivos e se profissionalizado para atender às necessidades e cuidados que os mais experientes necessitam. Por outro lado, as facilidades digitais proporcionaram a abertura de um novo mundo para essa população específica. Já não é raro encontrar senhores e senhoras digitando em seus smartphones, com contas em redes sociais e enviando mensagens em aplicativos de comunicação. A troca de informações, por exemplo, é um dos maiores estímulos às viagens.
A tecnologia permitiu mudanças excepcionais nas vidas dos idosos. Evita que fiquem isolados, integrando-os na rotina da sociedade. Hoje, esse segmento da população tem outro perfil, com comportamento diferente.
– afirma a professora Aldemita Vaz de Oliveira, ex-coordenadora do grupo de trabalho da Universidade de Brasília (UnB) que estuda a vida do idoso na comunidade.
De acordo com a Sondagem do Consumidor —Intenção de viagem, do Ministério do Turismo (Mtur), o desejo de viajar sozinho ou acompanhado subiu de 23,7% para 26,9% no grupo de viajantes com idades acima dos 60 no mês de junho deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo a mesma pesquisa, cresceu a opção por viagem de avião entre os acima de 60 anos, em detrimento do automóvel e do ônibus, e também pela estadia em hotéis e pousadas (67,5%), em vez da hospedagem em casa de parentes e amigos ou em residência própria ou alugada.
Suspenso
A Lei nº 10.741, de 2003, garante vaga gratuita para idosos em ônibus interestaduais desde que se adeque às regras. Se o assento estiver ocupado, o idoso pagará 50% do valor da tarifa. Para conseguir o benefício, é preciso solicitá-lo com antecedência de, no mínimo, três horas antes da partida. Voltado para os idosos, o programa Viaja mais melhor idade, criado em 2007 pelo Mtur, cujo objetivo era oferecer descontos em passagens e hospedagens aos participantes, foi suspenso. A explicação, segundo a assessoria do ministério, foi a “necessidade de ajustes”, mas garantiu que um novo programa será criado. “O modelo foi revogado, e está em curso um diagnóstico para a criação de um novo projeto de incentivo à viagem desse público específico.”
Enquanto não entra em vigor o programa governamental, a solução é participar de outros projetos como, por exemplo, os cartões de crédito da Caixa Econômica. “Os cartões turismo têm juros e anuidades entre as menores de mercado e oferecem parcelamento de compras de passagens e pacotes de viagens em até 48 vezes, além de ter um programa de pontos nas variantes Internacional, Gold e Platinum. Por exemplo, para variante Platinum, a bonificação no programa de pontos é de 1,4 pontos para cada U$1,00 gasto e 1,8 pontos para cada U$1,00 gasto em estabelecimentos de turismo e entretenimento”, explica o superintendente nacional de cartões da Caixa, Dário Araújo. (LR)
Organização garante o sucesso
Para um público especial, programas mais que especiais. Além dos roteiros, que precisam ser bem definidos, viajar com um idoso, ou mais de um, requer preparativos que fazem a viagem começar muito tempo antes da partida. É preciso levar em conta as condições de saúde e a disposição dos viajantes, o tempo do percurso e o tempo de estadia. A opção de viajar com a família ou sozinho dá mais liberdade, mas há os que preferem se aventurar sozinhos ou na companhia de um grupo de amigos em excursões organizadas por agências de viagem.
Empresas especializadas têm aprimorado a oferta de serviço ao mesmo tempo em que esmiúçam as necessidades dos clientes com atendimento personalizado. Esse tratamento exclusivo é a explicação para o sucesso das excursões e o motivo pelo qual os idosos têm preferido compartilhar viagens e experiências com pessoas desconhecidas. A supervisora do setor de grupos e eventos da agência de turismo Bancobrás, Regina Vieira, explica que o programa da empresa começou em 2005 e que a procura tem crescido bastante “De lá para cá, a gente tem aumentado o número de saídas. No começo fazíamos uma viagem por ano, mas passamos a fazer duas, uma nacional e outra internacional”, afirma.
Regina explica que há o cuidado de nunca superlotar o passeio, para dar mais conforto e liberdade aos turistas. “Preferimos grupos pequenos, de 50 pessoas, para que tenhamos um contato maior com o participante. Assim os chamamos pelo nome, eles sabem os nossos, apodemos conversar durante a programação. Quando percebemos que uma saída está tendo muita procura, lançamos a segunda edição.” A empresa atende pessoas em todo o país, mas a maioria dos viajantes é de Brasília, com perfis que variam de 55 anos até mais de 90 anos. “Temos clientes de 92 anos”, orgulha-se a supervisora.
Fonte: Correio Braziliense.
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