Alexandre Kalache, gerontólogo e presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil, abre o evento mostrando como está se desenhando o futuro da longevidade
A revolução da longevidade
“O futuro da longevidade não é como foi ontem. O envelhecer, hoje, é bem diferente. Em 1945, quando eu nasci, só 5% das pessoas tinham mais de 60 anos. Quando comparo aquele menino que eu fui com a minha neta, vejo um mundo muito diferente. No passado, envelhecer era um privilégio de poucos, era um desafio. No futuro, tudo vai mudar. Em 2050, 31% da população vai ter mais de 60 anos. Isso eu chamo de revolução da longevidade. Vamos fazer, em uma geração, o que os países mais velhos do mundo fizeram ao longo de séculos.”
Este artigo foi escrito por Alexandre Kalache e publicado originalmente no portal Viva a Longevidade.
Os novos idosos
“Quando eu falo do futuro, ele não está muito distante. Quem tem entre 28 e 58 anos hoje será o idoso de 2050. A expectativa de vida mais longa e a queda da natalidade no Brasil fizeram com que a vida deixasse de ser uma corrida de 100 metros para ser uma maratona. Não se chega lá no final em bom estado, se não treinar.”
Repensando o curso de vida
“Nesse futuro, vamos ter de repensar o nosso curso de vida e redesenhar a longevidade. Em vez de vivermos uma vida dividida sequencialmente em aprender, depois trabalhar e, no fim, se aposentar, vamos viver de uma maneira diferente, em que as diferentes fases acontecem ao mesmo tempo. Nosso aprendizado será ao longo de toda a vida, junto a trabalho, diversão e cuidado com filhos e pais. Como o mundo está em transformação, vamos ter de construir uma vida de aprendizado constante. Parar no meio do caminho para repensar, fazer um período sabático aos 45 anos, para pensar no que quer fazer nesta segunda metade da vida. Tirar um ano para cuidar da mãe que adoeceu, porque solidariedade rima com longevidade.”
Os 4 capitais para envelhecer bem
“Precisamos acumular quatro capitais para envelhecer bem: o de saúde, o de conhecimento, o social e o financeiro. Mas isso não basta. É preciso, também, ter propósito, saber qual legado vamos deixar, que diferença vamos fazer. Nunca é tarde demais para isso. Assim se constrói resiliência para uma vida muito longeva.”
Respeito aos direitos
“O futuro do envelhecimento também tem de ser considerado pela perspectiva dos direitos. Não quero ser respeitado por ser velhinho, e sim porque tenho direitos. É preciso nutrir uma cultura de direito à saúde, a ser protegido, e lutar para participar, ter acesso aos serviços, mas também parar, descansar e ter uma renda mínima.”
A cultura do cuidado
“O futuro também deve estar baseado em uma cultura de cuidado. O cuidado não vale só para o início da vida, e sim até o fim dela. Todos queremos a dignidade de sermos cuidados até o final desta vida tão mais longa. Eu confesso ser muito otimista em relação ao futuro do envelhecimento. Quando preciso pensar sobre o futuro da longevidade, lembro do quanto eu fui cuidado e do quanto meu pai foi cuidado, e hoje cabe a mim cuidar também.”
Este artigo foi escrito por Alexandre Kalache e publicado originalmente no portal Viva a Longevidade.
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