A pesquisa Tsunami 60+, uma parceria de especialistas em economia prateada, é o primeiro estudo no Brasil a reunir dados sobre o mercado de pessoas na idade madura em âmbito internacional. Layla Vallias, sócia do Hype60+, apesar de jovem, carrega consigo parte dessa missão de desmistificar e tirar um estigma que culturalmente define um grupo que atualmente conta com mais de 900 milhões de pessoas e, que em breve será a maior faixa etária do mundo.
“Idade é só um número! O que importa são seus anseios e sonhos. Conheci uma influenciadora digital de 60 anos que possui a mesma rotina de uma de 22. O que é a idade? Isso faz toda a diferença na hora de criar uma estratégia ou desenvolver um produto para este público”
Layla Vallias, co-fundadora do Hype60+
A trajetória de Vallias diz muito sobre ela. A aparência jovem revela a idade, mas sua sabedoria vai além, graças ao convívio com pessoas mais experientes.
Em uma viagem para a Ilha de Comandatuba, na Bahia, Layla falou para um gigante grupo de executivos do franchising. Setor do varejo dos shoppings responsável por grande parte do consumo popular. Ali, ela defendia de forma calma e sutil sua ideia. Mas suas palavras são fortes e, como a própria diz “prefiro ser um pouco mais pragmática”.
Layla revela ainda um universo que muita gente ainda nega: vamos envelhecer e, como chegaremos lá? Segundo a especialista, quem já chegou, não se enxerga nos padrões apresentados socialmente: a antiga anedota da pessoa de bengala e com o corpo cheio de dores.
Pelo menos é isso que revela a pesquisa elaborada pela pesquisadora: 62% dos brasileiros com mais de 50 anos revelaram se sentir bem em sua saúde física e mental.
De qualquer forma, o estigma ainda é grande. Grandes marcas já acordaram e tem feito barulho com novos papeis representativos. Tudo porque chegaram a conclusão de que o público maduro tem grande potencial de consumo.
A “melhor idade” no mercado de trabalho
Para se ter ideia, apenas no Brasil, 63% das pessoas com mais de 60 anos são provedoras da família e possuem renda fixa estável. O número aumenta quando o espaço etário é diminuído: 86% das pessoas com mais de 55 possuem renda própria e 93% dos 75+, respectivamente.
Fora do universo de dados de Vallias, temos Morris Litvak, CEO e Fundador da MaturiJobs. E sua conexão com o parágrafo acima se dá com o fato de sua empresa ser um dos únicos sites brasileiros de trabalho para pessoas maduras. O trabalho da companhia consiste no treinamento, desenvolvimento e recolocação de pessoas 60+ no mundo profissional.
Morris, que ainda ocupa a casa dos 30 na idade, traz um cenário que ainda caminha a “passos de formiguinha”. Em entrevista, ele revela que de 110 mil pessoas cadastradas, 1.200 foram contratadas de 1.500 vagas anunciadas. “Apesar da boa faixa de contratação, temos um baixo número de vagas. É preciso aumentar as oportunidades para essa faixa etária”, revela o CEO.
E erra quem pensa que não é vantajosa a contratação de uma pessoa madura. Morris conta que ainda há uma percepção distorcida de que pessoas experientes são muito caras e pontua que muita gente esquece de um ponto crucial: os mais velhos tendem a permanecer nas empresas e economizam os custos de contratações constantes.
Envelhecer é pop (e inexorável)
Todo esse cenário revela uma forte tendência para o futuro: questionar o papel da idade.
Uma capa da Vogue britânica, por exemplo, foi destaque e ganhou prêmio na última edição do Cannes Lions.
Estampada por Jane Fonda – atriz questionadora de vários tabus em seu país nativo – a edição Non-Issue Issue foi parte de uma parceria com a L’Óreal Paris para abrir espaço de discussão sobre empoderamento feminino em qualquer idade.
“A discriminação etária existe e é por isso que dedicamos essa edição para todas as mulheres que se sentem deixadas para trás pelas indústrias da beleza e moda devido a sua idade. Agora é o nosso momento de desafiar o mercado juntos”
Edward Enninful, editor-chefe da Vogue britânica.
E é sobre tendências que fala Iza Dezon, especialista da Peclers Paris que já trabalhou no mercado de moda de alto-luxo. Iza é nossa conhecida e speaker de longa data. Seu olhar honesto sobre temas que precisamos discutir traz a veracidade dos dados em sua forma mais crua.
“De geração para geração, a idade se manifesta de outras formas. Eu e minha mãe tivemos vidas e acessos completamente diferentes e, acreditar que teremos a mesma experiência em relação a idade é o mesmo que dizer que ela vivia em um mundo igual ao meu quando tinha 30 anos”, declara.
Como chegaremos lá?
Recentemente, Dezon se reuniu ao time da Tsunami60+ para trazer ideias inovadoras para o mercado prateado.
A nova parceria foi anunciada em um evento especial no Inovabra Habitat, onde a especialista revelou um universo recém descoberto de iniciativas imediatas e para o futuro em que marcas podem se apropriar para comunicar-se de forma correta com esse público.
Foi por ouvir questões tão profundas relacionadas ao destino a qual todos estamos destinados que decidimos reunir os três especialistas para uma conversa que revela muito mais do que poderíamos traduzir em nosso espaço editorial.
Durante um pouco mais de uma hora, debatemos de forma aberta a representatividade madura e o papel dessas pessoas no mercado de trabalho e na economia
Você sabia que a expectativa de vida pode se estender aos 120 anos para os Millennials e que a pessoa de 200 anos provavelmente já nasceu? Como criar um universo sustentável para a nossa sobrevivência social?
* Texto publicado originalmente no site Consumidor Moderno e reproduzido no blog Revolução Prateada..
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