Pesquisador foi descobrir o que as pessoas que vivem em cidades com alto índice de longevidade têm em comum. Spoiler: não tem a ver com as idas à academia
O que faz uma pessoa viver até os 100 anos não é a quantidade de vezes que ela foi à academia durante a vida, as promessas que fez ou alguma drástica mudança de estilo de vida. O maior influenciador é, na realidade, o meio onde elas vivem e a forma como interagem com ele. Quem garante é Dan Buettner, escritor, pesquisador e colaborador da National Geographic. “Não importa onde você vá no mundo, verá pessoas muito velhas vivendo. E muitas parecem nem ter feito esforço para isso. A longevidade simplesmente aconteceu para elas”, disse, durante uma palestra realizada neste ano no Fórum Econômico Mundial.
A curiosidade sobre essas comunidades com altos índices de longevidade levou Buettner a empreender uma ampla pesquisa que virou capa premiada da National Geographic: “The Secrets of Living Longer”. Buettner foi atrás do segredo que envolvia cidades como: Okinawa (Japão), onde há um número expressivo de idosos com mais de 100 anos; Sardenha (Itália), onde foi registrada a porcentagem mais alta de longevidade jamais documentada; Nicoya (Costa Rica) e Loma Linda (Califórnia), onde as pessoas vivem oito anos a mais que a média dos americanos.
A pesquisa de Buettner apontou 5 características comuns na rotina relacionadas ao meio ambiente e ao modo como as pessoas vivem nessas cidades. Os habitantes delas costumam comer de forma inteligente, alimentando-se de cereais integrais, verduras, amendoins e feijão. Eles também fazem várias atividades diárias a pé, como ir à escola ou ao mercado, ao invés de ir à academia e ficar por lá “20 minutos queimando calorias”. Eles têm jardins, realizam atividades manuais e costumam fazer as tarefas domésticas sozinhos (sem ajuda de alguém), além de ter um senso de propósito naquilo que fazem e interagir em comunidade.
Viver muito — e feliz
Buettner buscou medir o nível de felicidade durante sua pesquisa. Para isso, criou critérios como satisfação de vida (escala 1 a 10), propósito e emoções diárias (quanto você sorriu hoje, estressou-se ou ficou preocupado). “São estimativas, porque nós só lembramos de uma pequena porcentagem do que acontece nas nossas vidas todos os dias. Tendemos a guardar os pontos altos e baixos e não, por exemplo, aquilo que almoçamos há duas semanas”, diz Buettner.
O país mais feliz do mundo, segundo o estudo, não é o Butão, o Japão ou algum nórdico. Na realidade, foi Cingapura. O crescimento econômico da última década teve papel essencial nessas conquistas, de acordo com Buettner, mas foi outro fator que influenciou mais: a arquitetura da cidade. Concebida em grande parte pelo premiado arquiteto Liu Thai Ker, Cingapura valoriza a “segurança, harmonia e respeito”, segundo análise de Buettner.
A cidade-Estado também prioriza a livre circulação de pessoas, bem como a diversidade. “O projeto não criou guetos para abrigar as várias etnias que vivem em Cingapura, como os chineses e malawis. Pelo contrário, fez com que todo mundo vivesse junto”, diz o pesquisador.
Um homem que assistia à palestra, nascido em Cingapura, questionou Buettner afirmando que o país não era tão cor de rosa assim e que havia muitos problemas e desigualdades. “Cada país tem seus problemas, sempre. E é natural do ser humano falar do copo mais vazio. Na mídia, vão sempre ser destacados os problemas. Mas, na minha pesquisa, os índices de satisfação de vida relatados foram bem altos”, respondeu o pesquisador.
Buettner também destacou os níveis de felicidade em Aarhus (Dinamarca), pelo alto nível de igualdade, tolerância e confiança, e em Nicoya (Costa Rica), pelo alto índice de “emoções diárias”.
O que fazer
Nem todo mundo pode se mudar para os locais que Buettner citou. Mas há pequenas ações que podem ajudar as pessoas a melhorar o ambiente em que vivem e, assim, serem mais felizes. Para o pesquisador, o índice de satisfação de vida está estritamente ligado à segurança financeira, para poder garantir as necessidades básicas (como moradia, alimentação, educação e saúde) e certos confortos.
É preciso também se cercar de pessoas felizes. Os amigos, diz, fazem uma enorme diferença. Além disso, cultivar a vida em comunidade garante maiores níveis de satisfação. “Um estudo com as comunidades consideradas mais felizes dos EUA mostrou que lá viviam pessoas que tinham fácil acesso à recreação, movimentavam-se a pé ou de bicicleta e interagiam umas com as outras”, afirma Buettner.
Fonte: Época Negócios
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