COM O AUMENTO DA LONGEVIDADE, É PRECISO DISCUTIR O PAPEL DAS PESSOAS ACIMA DE 50 ANOS NO MERCADO DE TRABALHO E FOMENTAR NOVAS OPORTUNIDADES PARA ELAS
Até pouco tempo atrás, a longevidade era uma possibilidade remota, uma espécie de bilhete premiado que todos almejavam, mas só os realmente sortudos podiam desfrutar. Hoje, viver muito é regra, não exceção. Como consequência de uma série de avanços médicos e científicos, em pouco mais de um século a expectativa de vida da população mundial mais que dobrou – no Brasil, saltou de míseros 33,7 anos em 1900 para atuais 75,2 anos, já superando os 85 anos nas regiões mais desenvolvidas. E continua a aumentar.
Pelas contas do demógrafo Ronald D. Lee, da Universidade da Califórnia, um dos mais respeitados do mundo, a cada hora vivida uma pessoa saudável ganha cerca de 15 minutos de vida extra – algo em torno de 6 horas a mais a cada dia e 2,5 anos a mais a cada década. Em suma: se nenhum imprevisto acontecer no meio do caminho, viveremos, em média, 20, 30 anos a mais do que nossos avós.
Toda grande conquista implica em grandes desafios – e no caso da longevidade, um dos feitos mais notáveis da história da humanidade, não é diferente. Uma das questões mais urgentes que emergem dessa nova realidade é como vamos (e queremos!) passar o tempo a mais que nos foi concedido. “Ter saúde é fundamental, mas uma longevidade com qualidade não se resume a isso. É preciso ter propósito, dinheiro para garantir uma vida digna e uma ocupação satisfaça”, diz Nilton Molina, presidente do Conselho de Administração da seguradora Mongeral Aegon no Brasil. A empresa criou o Instituto da Longevidade, que tem como missão preparar o país e as pessoas para os impactos socioeconômicos do envelhecimento populacional e fomentar a criação de novas oportunidades nesse cenário.
O empenho se justifica. Assim como o resto do planeta, o Brasil está cada dia mais cinza. Há 46 milhões de brasileiros com mais de 50 anos no país, o equivalente à população da Espanha. Em 2045, serão 95,6 milhões. “Essas pessoas não podem e, principalmente, não querem parar de trabalhar”, diz Renato Meirelles, diretor da Data Popular e coordenador de uma pesquisa que ajudou a definir os rumos do Instituto Longevidade. “Mantê-los na ativa não é só importante para a economia. Também é fundamental para preservar a autoestima, como detectamos na pesquisa”, conclui Meirelles.
Em um primeiro momento, o Instituto da Longevidade, por meio do Movimento REAL.IDADE, atuará em três frentes: trabalho, renda e requalificação profissional para pessoas com mais de 50 anos. “Queremos engajar diversos setores da sociedade para criar soluções criativas de alto impacto para os mais velhos que perderam o emprego, estão aposentados ou simplesmente querem se reinventar”, afirma Nilton Molina.
Para isso, a iniciativa contará com um portal de notícias sobre o tema, cursos de atualização profissional e serviços gratuitos para ajudar interessados a se recolocar no mercado de trabalho depois da aposentadoria. Também estão previstas ações de políticas públicas e de incentivo. Das ações, destaca-se o RETA (Regime Especial de Trabalho do Aposentado), projeto de lei desenvolvido em parceria com a FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) que propõe mudanças na legislação trabalhista a fim de inserir a parcela mais velha da população no mercado de trabalho, além de tornar essas contratações mais atraentes para as empresas.
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